Gilles Lipovetsky no Brasil

No Brasil, filósofo Gilles Lipovetsky apresenta suas reflexões sobre um mercado que gira 600 bilhões de euros e tem cada vez mais se aproximado da publicidade. Por Roseani Rocha.


Na tarde desta quinta-feira, 21, o filósofo francês Gilles Lipovetsky realizou a primeira de uma sequência de palestras que fará no Brasil. O encontro, realizado pela Luxo Brasil em parceria com a Maison du Luxe aconteceu na Câmara de Comércio França-Brasil, em São Paulo.

Teórico da sociedade de consumo e, especialmente, do mercado de luxo, Lipovetsky discorreu sobre a evolução do mercado de luxo ao longo dos anos até o estágio atual, que define como "hiper moderno" (e não pós-moderno, porque, segundo ele, trata-se de um mesmo modelo em nova fase). "Passamos do luxo para os luxos", disse, em alusão ao surgimento de luxos intermediários, muitas vezes por iniciativa das próprias grifes, já que muitas apostam, hoje, em extensões de linha ou mesmo marcas "b". Caso bem-sucedido, por exemplo, da Armani, que criou a Armani Exchange - e o contrário de Pierre Cardin que licenciou demais sua marca, sem controlar o que estava sendo feito dela.

Para ele, vivemos uma etapa do luxo que é consequência de movimentos como a desregulação do consumo (antigamente até uma obrigação de nobreza), o surgimento do consumidor emocional, que não visa mais ostentação meramente, e a democratização do luxo. Este último aspecto faz com que as compras ocasionais já representem 50% do faturamento de muitas marcas de luxo.

A era do luxo marketing

O filósofo também comentou o que chama de "luxo marketing", fase vivida atualmente, na qual as marcas de luxo, antigamente avessas à publicidade, considerada desnecessária e vulgar, acabaram por tomar emprestadas estratégias usadas pela comunicação de massa. Hoje, diz ele, as marcas de luxo dedicam entre 15% e 20% de seu faturamento à comunicação. E a iniciativa está dando certo. Mesmo na Europa o mercado de luxo não enfrenta crise. Em 2010, esse mercado era avaliado em duzentos e dez bilhões de euros, o que não incluía itens como automóveis, hotelaria, iates. Com tais produtos inclusos, a soma seria de, no mínimo, seiscentos bilhões de euros.

De toda forma, o filósofo alerta para o fato de que tudo tem seu ciclo e que as marcas de luxo devem ser cautelosas com os excessos do luxo marketing.

Moda, luxo e arte, antes separadas, têm muitas vezes interagido. Essa aproximação é analisada por Lipovetsky no livro "A estetização do mundo: vivendo na era do capitalismo artístico", que será lançado na França dia 21 de março, pela editora Gallimard.

As próximas paradas de Lipovetsky no País serão, na sequência, Porto Alegre, Balneário Camboriú,  Rio de Janeiro e Brasília. O calendário mostra que apesar de a capital paulista ter desbancado Buenos Aires do posto de capital do luxo na América Latina, o luxo também já tem outras regiões do Brasil no radar.

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